quinta-feira, 2 de junho de 2011

8° Fichamento!!

Ficha de Citação
Autores:
RABELLO, Patrícia Moreira  e  CALDAS JUNIOR, Arnaldo de França
Violência contra a mulher, coesão familiar e drogas. Rev. Saúde Pública. 2007, vol.41, n.6, pp. 970-978.



“A literatura relata a associação entre violência nas relações de gênero e maior ocorrência de diversos problemas de saúde. A violência de gênero é considerada um problema de saúde pública, com repercussões físicas e mentais nas mulheres.23 Entretanto, muitas vezes essa violência não chega a ser investigada pelo profissional da saúde, sendo subestimada nas estatísticas oficiais quanto à freqüência e efeitos na sociedade. Segundo Penna et a (2004), é recente a projeção do tema violência doméstica como fenômeno social no mundo acadêmico.”(P-970)
“Muitas pesquisas mostram que é no espaço doméstico onde acontece a maior parte das agressões à mulher, legitimadas por uma ordem patriarcal de organização familiar, onde a dominação masculina é vista como natural.”(P-970)
“Atualmente, o ritmo acelerado da vida e a fragmentação das relações afetivas levaram a família a uma nova dinâmica e, conseqüentemente, a mudanças de padrão [de convivência?. Com a entrada da mulher no mercado de trabalho, as famílias diminuíram o número de filhos e a mulher acumulou as funções externas ao trabalho doméstico, aumentando o estresse e alterando o equilíbrio interno das famílias.”(P-970)

“ O equilíbrio de uma família também é alterado quando um dos membros consome drogas, lícitas ou ilícitas. Vários trabalhos associam o alto consumo do álcool à desagregação familiar. Essa substância é consumida em larga escala no Brasil, principalmente por homens, levando-os a mudanças de humor que repercutem desfavoravelmente na mulher, submetendo-as à violência física.”(P-970)

“Estudo caso-controle, pareado por local de residência, idade e número de filhos, realizado no município de João Pessoa, estado da Paraíba, com 660.797 habitantes, dos quais 351.941 são mulheres. O desenho de estudo foi escolhido para comparar se os casos diferiam significativamente dos controles em relação à exposição aos fatores de risco para a violência física contra a mulher.”(P-971)
“O critério de inclusão de casos foi ser mulher e ter sofrido lesões corporais físicas provocadas por alguém da família. Agressões físicas praticadas por estranhos, vizinhos, ou violências psíquicas e sexuais foram excluídas do grupo caso. O grupo caso foi constituído por 130 mulheres que prestaram queixa de agressão física na Delegacia Especializada da Mulher, em 2004 e 2005.”(P-971)
“O grupo controle foi composto por 130 mulheres vizinhas de bairro dos casos. O critério de inclusão foi nunca ter sofrido agressão pela família e, portanto, nunca ter prestado queixa contra a família na delegacia. Ao total, 260 mulheres foram analisadas.”(P-971)
“As mulheres selecionadas foram entrevistadas utilizando-se questionário especificamente elaborado para a finalidade da pesquisa. Inicialmente, a coleta de dados foi realizada com os casos na delegacia e depois as entrevistadas foram pareadas com as suas vizinhas. O questionário foi aplicado por apenas um pesquisador, calibrado e treinado no estudo piloto. Esse questionário foi dividido em duas partes. A primeira abordava as informações referentes às variáveis socioeconômicas e demográficas (idade, anos de estudo, renda mensal familiar, classe econômica, número de filhos, número de pessoas que moravam na casa), parentesco do agressor e freqüência e tipo de droga consumida pelo membro da família. A classe socioeconômica das mulheres foi verificada de acordo com os critérios da Associação Brasileira de Institutos de Pesquisa de Mercado (ABIPEM.” (P-971)
“A idade média das 260 mulheres analisadas foi de 30,64 anos (DP=9,82), sem diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos (p=0,4129). A média de idade do grupo das agredidas foi de 30,14 anos (DP=9,60) e, no grupo de mulheres não agredidas, 31,14 anos (DP=10,06).”(P-972)
“A média do tempo de estudo foi menos de um ano mais elevada entre as mulheres agredidas (8,21; DP=4,15) do que entre os do grupo das não agredidas (9,02; DP=4,38), também sem diferença significativa entre os dois grupos (p=0,1247).”(P-972)
“A média de renda familiar foi até dois salários mínimos e as classes econômicas de menor poder de consumo (D e E) foram as mais freqüentes.”(P-973)

“O presente trabalho mostra que a maioria das mulheres que sofreram violência era jovem, em contraste com autores que relataram faixas de idade de até 44 anos. Isso mostra que, provavelmente, a agressão às mulheres no âmbito familiar está relacionada à vida sexual ativa, pois estas mulheres eram mais jovens do que aquelas estudadas por outros autores.”(P-973)
“As mulheres do presente artigo apresentaram média de oito anos de estudo, semelhante a outros trabalhos  que encontraram em torno de 60% das mulheres com ensino fundamental incompleto. Adeodato et al (2005) afirmam que o esclarecimento da mulher leva a menor tolerância à violência. Quanto mais a mulher se qualifica, mais chance tem de encontrar trabalho remunerado, melhorando assim a auto-estima e independência.”(P-974)
“Embora a literatura relate que a pobreza e a falta de padrões morais conduzam à violência, esta pode estar inserida em classes mais abastadas. Adeodato et al (2005) relatam que mulheres de maior poder aquisitivo dispõem de recursos políticos e econômicos para ocultar a violência doméstica, surgindo, então, a sub-representação nos dados de violência denunciada.”(P-975)

“Os resultados encontrados também podem levantar hipóteses de causalidade reversa: a coesão desligada levou as famílias à agressão ou a violência física levou a família a possuir coesão desligada? O consumo de drogas entre os membros da família aumenta a coesão desligada e violência doméstica ou a presença de coesão desligada e de agressão física também aumenta o consumo de substâncias lícitas e ilícitas? Todos esses fatores estão interligados e, em sua presença, o relacionamento familiar perde o equilíbrio.”(P-976)
“É necessário um esforço da sociedade para discutir a família brasileira no tocante à sua formação histórica e ao processo de mudança que os novos tempos impuseram à mulher.”(P-978)



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