Autores:
AZEVEDO, Renata Cruz Soares de et al
Atenção aos tabagistas pela capacitação de profissionais da rede pública. Rev. Saúde Pública . 2008, vol.42, n.2, pp. 353-355.
“O tabagismo é uma das dependências mais prevalentes em todo o mundo,um levantamento realizado em 2005 apontou 10,1% da população brasileira de 12 a 65 anos como sendo dependente de tabaco. A expectativa de vida de um fumante é 25% menor que a de um não fumante. A cessação tabágica promove redução significativa na taxa de mortalidade antes dos 35 anos e em menor escala na faixa acima de 65 anos, representando uma intervenção custo-efetiva.3 A intervenção nos tabagistas é a melhor estratégia para a redução a médio prazo da mortalidade relacionada ao tabagismo.”(P-353)
“Embora 70% dos fumantes manifeste desejo de parar de fumar, somente 5% consegue fazê-lo sem auxílio de profissionais da saúde.2 Além disso, há escassez no número e no treinamento de profissionais capacitados para abordar o paciente tabagista e empreender medidas de intervenção. Ademais, o número de serviços de apoio para abandono do fumo é insuficiente, assim como a distribuição gratuita de medicamentos utilizados na cessação do tabagismo na rede pública.” (P-353)
“O objetivo do presente estudo foi descrever o desdobramento de um treinamento de profissionais de saúde da rede pública na abordagem de tabagistas.”(P-353)
“ Estudo realizado em serviço de atenção ao tabagismo em ambulatório de um hospital universitário. Esse hospital possui programa de abordagem de tabagistas desde 2003.”(P-354)
“No período de novembro de 2004 a março de 2007, 40 profissionais de saúde da rede pública de Campinas e região participaram de treinamento com duração de um mês, oferecido por aquele hospital. Os profissionais da área da saúde, provenientes de 12 equipes, eram: 12 médicos, 12 enfermeiros, seis assistentes sociais, quatro psicólogos, dois dentistas, dois terapeutas ocupacionais, um farmacêutico e um auxiliar de enfermagem. Cada equipe passou por todas as atividades oferecidas aos pacientes, além de participarem da supervisão dos casos e dos seminários teóricos.”(P-354)
“As atividades incluíram: grupo de motivação, triagem clínica (composta por coleta de dados sociodemográficos, história do tabagismo, avaliação de comorbidades clínicas e psiquiátricas, aplicação da Escala de Fagestrom e avaliação do grau de motivação), grupo de tratamento, manejo do uso de bupropiona, nortriptilina e/ou terapia de reposição de nicotina e supervisão dos casos.”(P-354)
“Após o treinamento, 37 (92%) profissionais desenvolveram medidas de abordagem do tabagista em sua unidade; 22 (54%) treinaram membros de sua equipe, 8 (19%) treinaram outras equipes e 15 (38%) realizaram atividades para a comunidade.”(P-355)
“Os profissionais referiram ter atendido 3.419 tabagistas em abordagem mínima individual e 982 pacientes em abordagem grupal. Dos pacientes tabagistas que participaram das atividades desenvolvidas pelos profissionais, 9,2% conseguiram parar de fumar.”(P-355)
“As principais dificuldades relatadas pelos profissionais para a continuidade e ampliação da abordagem ao tabagismo em sua unidade foram baixa adesão dos pacientes (11%), falta de medicação (38%) e de apoio/estrutura da unidade (29%).”(P-355)
“Os resultados apontaram a contribuição alcançada com o treinamento na capacitação para o desenvolvimento de iniciativas de abordagem do tabagismo na rede pública. Tais ações incluíram desde medidas de menor impacto, como atividades sobre tabagismo para a comunidade (palestras, cartazes), até a multiplicação do treinamento para outros profissionais. Estratégias também foram estabelecidas diretamente para os tabagistas por meio de abordagem mínima individual ou tratamento em grupo.”(P-355)
“O presente trabalho possui algumas limitações: uma delas refere-se à coleta de dados por meio de contato telefônico, que apresenta menor acurácia do que as entrevistas face-a-face. Outro ponto é que, embora a taxa de cessação do tabagismo tenha sido expressiva (9,7%), esse número provavelmente não se sustente em sua totalidade num período maior de seguimento. Considerando que não havia disponibilidade de apoio farmacológico de primeira linha (terapia de reposição de nicotina e bupropiona) nas unidades, deve-se considerar que esta foi a taxa de cessação durante o tratamento.”(P-355)
“A disponibilidade de tratamento em uma unidade básica de saúde pode facilitar o acesso e adesão do paciente tabagista. As condições favoráveis como a possibilidade de ser atendido por uma equipe que já lhe é familiar, próxima ao seu domicílio e inserida em seu contexto sociocultural podem influenciar positivamente no processo de cessação de fumar.”(P-355)
“A capacitação de profissionais da rede pública realizada pelo hospital universitário de referência reforçou o papel da universidade na sua responsabilidade de formação de profissionais que atuam na rede pública de saúde. Os resultados obtidos representaram um estímulo à equipe para incremento dessa atividade que, em última análise, permitiu expandir a população atingida pelas estratégias de abordagem do tabagismo.”(P-355)
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