quarta-feira, 1 de junho de 2011

2° Fichamento!!

Ficha de citação

Autores:
FINKLER, Mirelle; OLEINISKI, Denise Maria Belliard  e  RAMOS, Flávia Regina Souza
Saúde bucal materno-infantil: um estudo de representações sociais com gestantes. Texto contexto - enferm. 2004, vol.13, n.3, pp. 360-368



“Trata-se de um estudo qualitativo, que objetivou compreender as representações sociais de gestantes sobre questões relacionadas à saúde bucal, por meio de entrevistas,a discussão dos resultados procura colaborar na instrumentalização dos profissionais da saúde ao proporcionar uma reflexão sobre a atual assistência odontológica prestada à gestante, a partir de achados tais como o entendimento do tratamento odontológico durante a gestação como um risco à saúde do feto e da influência da saúde bucal da gestante na saúde do filho semi-estruturadas. Sabe-se que a assistência odontológica tem contribuído muito pouco para a melhoria das condições de saúde bucal das populações.” (P-360)
“A prática odontológica iatrogênica-mutiladora, dentistocêntrica, biologicista, individualista, centrada na técnica e pouco resolutiva, vigora desde sua origem. Como conseqüência, os índices epidemiológicos que refletem as condições de morbidade bucal, colocam o Brasil entre os países de piores condições de saúde bucal do mundo.”(p-360)
“O período da gestação é considerado um momento ímpar na vida da mulher, no qual ela demonstra estar bastante receptiva a informações relacionadas ao futuro filho, sendo por isso, a gestação, percebida como um momento privilegiado para o trabalho de educação em saúde, mas pra que as mães possam efetivamente desempenhar seus papéis de promotoras de saúde necessitam, primeiramente, serem pessoas saudáveis, entretanto, a alta prevalência de doenças bucais em gestantes está bem documentada pela literatura odontológica.”(P-361)
É necessário reconhecer a mulher como ser integral que é, não simples reprodutora, mas sujeito de sua saúde e de sua própria vida, assim será capaz de gerar e manter vidas igualmente saudáveis. O tratamento da saúde bucal das gestantes deve ser entendido como parte dos cuidados pré-natais necessários5, por considerar também aspectos biológicos e clínicos como a recente associação entre doença periodontal em gestantes e nascimentos pré-termos e de baixo peso7 e a relação positiva entre a experiência de cárie da mãe e a de seu filho8, desencadeada pela transmissibilidade bacteriana precoce e pelo compartilhamento de fatores culturais, comportamen-tais e sócio-econômicos do ambiente familiar.”(P-361)
“Por acreditar na importância da promoção da saúde materno-infantil, considerando a repercussão positiva que traria em longo prazo para toda a população; por acreditar também na necessidade de se estudar os saberes das gestantes como construções sociais contextualizadas; e por encontrar na Teoria das Representações Sociais um referencial teórico que proporciona valor e significado a esta busca, o presente estudo foi desenvolvido, possuindo, entre outros, os seguintes objetivos: compreender as representações sociais de gestantes sobre a saúde bucal do bebê; sobre a influência da sua saúde bucal na saúde de seu futuro filho; e sobre o seu papel de promotora de saúde bucal para o seu futuro filho.”(P.362)
“ Existe uma crença muito forte, constatada também por diversos outros estudos e autores que contra-indica o tratamento odontológico durante a gestação, esta crença compreende o tratamento odontológico durante a gestação como sendo um risco importante à saúde e até mesmo à vida do feto em desenvolvimento ,como conseqüência, no momento em que a saúde da mulher se torna ainda mais importante por dela depender também a saúde e a vida de outro ser, as gestantes não buscam tratamento odontológico, chegando a interrompê-lo e abandoná-lo por conta própria ao saberem estar grávidas. “(P-363)
“As justificativas apontadas pelas gestantes entrevistadas para a não procura pelo tratamento odontológico durante a gestação incluíram dificuldades financeiras, o desconforto durante o atendimento odontológico pela posição quase deitada da cadeira e pelos odores dos produtos utilizados, o medo de se sentir mal durante o atendimento ou de sentir dor num momento em que algumas mulheres se consideram mais sensíveis. Mas é principalmente o medo de que alguma coisa no tratamento odontológico venha a prejudicar o bebê, que torna este tipo de atendimento durante a gestação uma idéia quase inconcebível para algumas pessoas. “(P-363)
“Outro componente da representação social compartilhada pelas gestantes e referenciada pela literatura, diz respeito a um prejuízo para a saúde bucal das mulheres, creditado ao estado fisiológico da gestação. Se o corpo da mulher como um todo se transforma por conta da fisiologia da gestação, é possível compreender porque as gestantes acreditam que seus dentes também sofram alterações. “(P-364)
“A antiga e difundida crença de que ocorre uma descalcificação dos dentes da mulher durante a gravidez para suplementar minerais no crescimento do feto, não tem suporte científico, os minerais que passam para o bebê através da placenta e do aleitamento materno provém de diferentes processos biológicos, tais como o aumento no consumo alimentar e na absorção gastrintestinal de minerais e o decréscimo na excreção e a mobilização de minerais a partir do reservatório materno, o esqueleto, desta forma, o feto se forma às expensas do cálcio ósseo e circulante e não do cálcio dentário. Cabe aqui ressaltar as diferenças existentes (embriológicas, histológicas e fisiológicas) entre ossos e dentes, as quais as gestantes parecem desconhecer, o que fomenta a crença em questão.”(P-365)
“Vale ainda esclarecer que não existe uma relação direta de causa-efeito entre a gravidez e cárie, o que ocorre de fato são mudanças hormonais que diminuem o pH do meio bucal e a capacidade tampão da saliva; possíveis mudanças na alimentação pelo aumento do consumo de alimentos açucarados nesse período e possíveis mudanças nos hábitos de higiene bucal, além da também possível presença freqüente de ácidos provenientes de vômitos. Juntos estes fatores favorecem a atividade da doença cárie.” (P-367)
“Também as mudanças hormonais durante a gestação que aumentam a resposta inflamatória dos tecidos gengivais, resultando em gengivite quando na presença de placa bacteriana acabam por justificar a gestação como sendo prejudicial à saúde bucal da mulher. O entendimento do sangramento gengival como algo normal durante a gestação tem sido considerado negativo, à medida que as gestantes podem estar negligenciando a higienização bucal com esta justificativa. “(P-368)

 

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